Com 21 anos, José Alexandre da silva, prepara-se para vencer nas pistas de dança sem nunca largar os "pratos".
Como começou a tua carreira de Dj?
Comecei por me interessar pelo mundo da musica aos 16 anos, nomeadamente pelo hip hop. Um ano mais tarde tive a oportunidade de conhecer grandes nomes do hip hop nacional tais como Dj stikup, Dj Cruzfader, entre outros. Sempre fui bastante acarinhado pelos dois e, estes, fizeram com que eu começasse no mundo da música, tanto como Dj como no turntablism (scratch, beat juggling)
Desde aí, como é que vês a evolução da tua carreira?
Do meu ponto de vista tem sido bastante positiva (não querendo parecer convencido). Sou Dj profissional desde os 18 anos e, desde aí, percorri várias discotecas e festivais de renome em Portugal do Norte a sul do país, o que fez com que eu começa-se a trabalhar com nomes sonantes do panorama musical português.
Agora, há cerca de um ano, quando o projecto dos Makongo se formou em Abril, convidaram-me a trabalhar com eles juntando-me assim ao grupo onde ainda me encontro neste momento.
Ou seja no país em que estamos e para alguém com 21 anos é bastante positivo.
O que é, na tua opinião, necessário para ser um bom Dj?
Para ser um bom Dj tem de se ter uma boa técnica de mistura, boa selecção musical, controle de pista, e interacção com o publico. Quanto ao turntablist, outra das minhas áreas, falando no geral tanto a nivel de scratch como de beat juggling, a meu ver é necessário ter mesmo o dom e depois claro uma grande técnica e boas junções desta, ser musical, e sobretudo ter muita originalidade e claro flow nos pratos.
Tens esse dom e essa originalidade?
Na minha opinião todos temos um dom, referindo-me ao mundo da música, e acho que conforme o nosso empenho e dedicação, com a vontade de sermos bons naquilo que fazemos conseguimos chegar lá. Considero-me original, tenho o meu próprio estilo tanto a tocar em discotecas como no turntablist. Originalidade é uma coisa que vamos tendo com o passar do anos e eu tenho alguma e trabalho sempre para conseguir ser cada vez mais original.
O que gostas de ouvir em casa ou quando viajas?
Oiço todo o tipo de música, dos mais variados estilos.
Define o teu estilo musical como Dj?
A meu ver, quando envergamos o nome Dj, um Dj tem de saber tocar todo o tipo de musica e não estar limitado a um estilo de musica só. Mas o que me dá mais gozo e prazer tocar são os estilo de club, electronica, hip hop, clássicos dos anos 80 e 90 mashup’s e remix’s meus.
Quais as tuas discotecas preferidas?
Pacha, Hit Club, Lux, Day After, Alexander´s, Kadoc.
Preparas-te de alguma forma, antes de cada set?
Não. Porque tudo o que me ensinaram, desde que comecei, é que temos de estar preparados para os vários tipos de público que podemos encontrar, pois ás vezes ensaiamos alguns set’s em casa, para tocar, e depois chegamos ao club e não podemos tocar aquilo, por isso prefiro entrar na cabine, olhar para o público e aí percebo logo qual e o som que mais se adequa.
Como classificas o ambiente nocturno português comparado com os outros países?
A noite em Portugal acho que já esteve num ponto aceitável mas, nos dias de hoje acho que se encontra em decadência. Talvez pela crise mundial, mas quando saímos á noite em Portugal se queremos ir a uma festa especifica. por exemplo r&b ou hip hop, é difícil encontrar, enquanto que nos outros países há mais variedade. Aqui funciona tudo pela base, apenas e só, do comercial.
O que é que achas que deveria mudar na noite em Portugal?
Acho que o público não se pode restringir a um tipo musical quando sai á noite, mas sim estar aberto a novos estilos musicais. Que é o que acontece nos outros países. E sobretudo o público, em geral, deveria ter mais conhecimento musical. Acho que isso bastava para dar-mos uma melhoria na noite portuguesa.
Pensas que alguma vez o CD ou outras fontes digitais substituirão o vinil? Porquê?
No tempo em que estamos a tendência é mesmo a inovação e a tecnologia, agora basta ter um sistema ligado com dois ipod’s e passa-se uma noite a por musica, sem ter que estar a ter um grande custo musical e falo apenas do equipamento. Eu sou fiel ao Vinil, apesar de hoje existirem inúmeros softwares digitais que simulam o mesmo "feeling" do vinil. Apesar da industria do vinil ter perdido bastante com isso, mas existem sempre fieis coleccionadores e turntablist que vão comprar vinis toda a vida.
Como interpretas a questão actual dos direitos de autor?
Como referi na questão anterior eu toco com vinil mas em software digital, toda a musica que toco é legal, pois sempre comprei muitos vinis e agora musicas na Internet. Acho que temos de saber respeitar o trabalho dos outros tal como devem respeitar o nosso. Apesar de haver situações em que mesmo que tenhamos as facturas das músicas, em como as compramos, por vezes, certas instituições consideram isso ilegal.
Conta-nos um episódio engraçado que se tenha passado contigo, durante uma actuação.
Acho que o episódio mais caricato que aconteceu comigo foi quando estava a tocar numa discoteca em Viseu, lembro-me perfeitamente, foi no ano passado, enquanto arrumava todo o material e faltava-me apenas retirar o carregador do portátil de uma tomada, conformo o tiro a discoteca vai abaixo, a luz o som, tudo! (risos) Foi um episodio muito engraçado.
E quanto a projectos para o futuro?
Encontro-me neste momento a gravar uma mix tape com o SP (Makongo) e o Kilate que, brevemente estará no mercado. Vou formar um grupo, de produção musical juntamente com o Dj Stikup. A nível de Makongo continuamos a trabalhar e com muitas actuações marcadas. Mas sempre sem deixar de continuar a trabalhar a solo para conseguir ser mais reconhecido no meio musical Português.