quinta-feira, abril 12, 2007

lunário


"Beno entrara no Lura e pedira uma garrafa de vinho ao balcão. Depois, sentara-se numa das mesas do fundo, perto da estreita escadaria de madeira que dava acesso a um recanto envidraçado do café.
Encheu o copo, apoiou os cotovelos no tampo e meteu a cabeça entre as mãos. Esperava que alguém conhecido entrasse, pouco importava quem, mas era muito cedo. Suspirou, encolhendo-se ligeiramente no banco.
O café so começaria a encher por volta das dez da noite.
A essa hora iniciar-se-ia o habitual desfile de rostos maquilhados, de poses inesperadas, de gritos e gargalhadas, de gestos e cumplicidades que só se cumprem durante a noite. Uma outra cidade se levantava assim que o dia recolhia. Cidade de excessos e de abismos, de sangue e de música, de drogas e de sexo, de banalidades e beleza. E de ternura e paixão"

Texto retirado do livro "Lunário" de Al Berto.

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